Banco da Família alcança marco de mil casas financiadas para famílias de baixa renda

O Banco da Família, instituição de microfinanças catarinense, chegou ao número de mil casas financiadas para famílias de baixa renda. A linha de crédito, exclusiva para construção de imóveis de até R$ 25 mil, surgiu após a constatação de que o microcrédito pode ir além do financiamento de pequenos negócios. “O crédito para construção da casa própria insere as famílias em um contexto de desenvolvimento social, que costuma gerar empoderamento financeiro e incentivo para que melhorem a capacidade econômica”, diz Isabel Baggio, presidente da instituição. Por meio do BF Casa, já foram concedidos R$11 milhões em crédito.

 No geral, os clientes são famílias que vivem em média com três salários mínimos e não têm acesso ao mercado formal de crédito. O valor médio das casas construídas é de R$11 mil e as prestações variam em torno de R$200 a R$500 mensais. Todas as casas construídas são de madeira, sendo a matéria-prima fornecida por empresas parceiras da instituição. Para garantir a qualidade do produto que será financiado pelos clientes, o Banco da Família desenvolveu um cadastro específico que já possui 23 empresas madeireiras registradas como fornecedores de confiança, espalhados em todas as regiões de atuação do Banco.

A linha de crédito “BF Casa” surgiu em 2012, mas apenas em dezembro de 2016 tomou fôlego para se instalar em todas as cidades de atuação do Banco da Família. A iniciativa começou tímida, em 2012 foram apenas 7 casas e até novembro de 2016, não chegaram a 300. “Tínhamos uma média de cinco casas financiadas por mês”, acrescenta a presidente Isabel Baggio. “Percebemos que nossos agentes de crédito não se sentiam confiantes para liberar este produto, eles tinham um certo receio por se tratar de uma casa de madeira, tinham muitas perguntas sobre qualidade e questões técnicas da casa”.

Para impulsionar a linha de crédito, analisaram todas as condições de qualidade das construções, fortaleceram as parcerias com fornecedores de confiança, fizeram treinamentos intensivos com os agentes de crédito de todas as unidades e ofereceram uma promoção durante três meses reduzindo as taxas de juros para clientes. Agora, a linha financia em média 40 casas por mês e possui taxa de inadimplência recorde.

A ideia é que até o final deste ano, a instituição passe a financiar cerca de 60 casas por mês e amplie ainda mais o leque de fornecedores, além de impulsionar as outras linhas de crédito voltadas para saneamento e melhorias na residência. Apesar de não ser uma ação voltada diretamente para o desenvolvimento econômico, o financiamento de imóveis para famílias de baixa renda se tornou uma das principais frentes da instituição, representando 12% da carteira e fortalecendo o cumprimento da missão institucional.

Para Isabel Baggio, alcançar esse marco de mil casas financiadas representa, além de um marco, muita resiliência. “Este não é um produto simples de entregar, o valor dele é alto, em comparação ao nosso ticket médio – que é de R$3 mil – o ticket dessa linha é de R$11 mil”, diz. Para ela, o sucesso se deve, em grande parte, à metodologia de análise de crédito, que foi revisada e fortalecida para que os agentes se sentissem capacitados e empoderados para oferecer este produto. “Percebemos que a análise deve envolver todos os moradores da casa e os agentes devem atuar também como educadores financeiros, ajudando essas famílias a organizar as finanças e evitando que façam dívidas”.

A presidente diz também que o Banco, apesar de ser uma organização social que não visa lucro, também não pretende ser confundida com uma entidade filantrópica. “Tomamos o cuidado de verificar que todas as famílias que utilizam o crédito possuem formas de gerar renda. A maioria sobrevive de trabalhos informais, que não seriam aceitos como garantia por outros bancos, por isso temos agentes de créditos capacitados para identificar esses casos e viabilizar a contratação de forma segura para todos”, explica.

20 anos de transformação social

Com sede em Lages, SC, e prestes a completar 20 anos de atuação, o Banco da Família é uma instituição de microfinanças certificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e já concedeu mais de R$ 500 milhões de crédito, para 264.517 pessoas. Considerada a maior operação de microcrédito do Sul do país, no momento possui 17 mil clientes ativos e 147 funcionários. A instituição tem atualmente 20 unidades, que alcançam 78 municípios espalhados pelos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Segundo levantamentos da Microrate, empresa especializada em avaliação de desempenho e risco, o Banco da Família está classificado como a melhor instituição de microfinanças do Brasil e ocupa o quarto lugar no cenário composto por instituições de microfinanças da América Latina e Caribe.

Por Rogério Kiefer

Fonte: https://saojoaquimonline.com.br/destaque/2018/07/23/banco-da-familia-alcanca-marco-de-mil-casas-financiadas-para-familias-de-baixa-renda

Banco sem fins lucrativos beneficia famílias de baixa renda em Lages

Banco sem fins lucrativos beneficia famílias de baixa renda em Lages Felipe Carneiro/Diário Catarinense

Foto: Felipe Carneiro / Diário Catarinense

Com sede em Lages, uma organização da sociedade civil e de interesse público ajuda a realizar sonhos de moradores de baixa renda sem acesso nem condições de utilizar os serviços no sistema financeiro tradicional. O casal Neuza e João Varela Pereira faz parte dessa história.

Bill Gates, magnata e criador da Microsoft, diz que “quanto menor a riqueza, menor o incentivo”. Carlos Almar da Silva, autônomo que mora em Lages, no Planalto Serrano, concorda com a afirmação. Há 20 anos, quando pensou em montar uma vulcanizadora nos fundos da casa, Silva sentiu pouca chance de ajuda no mercado financeiro.

Para ele, um paradoxo. Desempregado e com dois filhos pequenos, não tinha renda para empreender. Encontrava-se entre aqueles que, como igualmente sugere Bill Gates, dependem de uma política econômica que beneficie também os mais pobres.

— A gente precisava fazer um empréstimo, ter um pequeno capital de giro e de suporte para trocar os cheques pré-datados. Mas a visão do banco comercial privado não compensava, pois fazia exigências que a gente não tinha como responder — recorda.

Por sorte, diz, foi informado que existia na cidade um “banco que não era bem banco”.

Entrevista: como funciona o Banco da Família de Lages 

Trata-se do que é hoje uma Organização da Sociedade Civil e de Interesse Público (Oscip) de microcrédito. Iniciada em 1998, como Banco da Mulher, e por uma iniciativa da Câmara da Mulher Empresária, da Associação Comercial e Industrial de Lages, a entidade tinha como missão ser uma alternativa para pequenos negócios. Hoje, é muito maior que isso. O acesso aos serviços financeiros que possibilita se torna algo essencial para o desenvolvimento econômico também do município. Funciona como uma resposta à exclusão do mercado financeiro, já que as pessoas desta camada social não costumam oferecer as garantias exigidas pelas instituições que dominam o mercado.

O que faz o Banco da Família não é exclusividade. O governo exige que as organizações destinem recursos para o microcrédito. Existe até uma lei do Ministério do Trabalho que obriga instituições financeiras a destinar 2% dos depósitos compulsórios (dinheiro que fica recolhido no Banco Central sem remuneração) à linha.

Silva não sabia, mas a tal organização se baseava no conceito de assistência financeira por pequenos valores. A inspiração vinha do economista indiano Muhammad Yunus, que em 2006 ganhou o Prêmio Nobel da Paz, por popularizar o conceito no mundo a partir de Bangladesh, ainda década de 1970.

FLORIANÓPOLIS, SC ,BRASIL 26/06/2018. Banco da Família, uma instituição que tem um programa de ajuda financeira para pessoa de baixa renda. Na foto Pneus: Carlos da Silva e o filho Sandro da Silva

Carlos Almar da Silva, autônomo que mora em Lages, no Planalto Serrano.  Foto: Felipe Carneiro / Diário Catarinense

Hoje, quem passa na calçada da casa não enxerga, mas nos fundos funciona a vulcanizadora e reciclagem. Carlos e o filho, Sandro, recolhem pneus nas borracharias e transformam em
peças novas. Um pneu zerado custa em torno de R$ 1,6 mil. Os Silva vendem a R$ 600, e ficam com lucro livre de R$ 250.

Todo o trabalho é manual, e o que sobra é levado para uma empresa especializada. A natureza agradece. Um pneu leva 600 anos para se decompor. Se jogado em lixões, na beira de estradas ou amontoados no quintal, podem se tornar criadouro para o mosquito da dengue. Apesar de conscientes com relação ao meio ambiente, não foi esse o motivo que fez pai e filho montarem o negócio.

– Trabalhei muitos anos em uma vulcanizadora e decidi fazer o mesmo. Ter um negócio próprio dá mais autonomia para a família – conta Carlos.

A placa com o nome “Pelego Indústria e Comércio Artefatos Ltda”, na frente da residência, no bairro Santa Helena indica que ali é feita uma atividade que faz parte da cultura campeira. Mas bonito mesmo é ver a satisfação que o trabalho causa no proprietário:

– Eu tenho orgulho de ser um empresário que lida com pelegos – diz Dirceu Antônio Pinto de Lima, 56 anos, há 32 anos na atividade.

Tanto prazer que, em sinal de respeito, o artesão chega a tirar o chapéu da cabeça. É uma reverência ao que considera “coisa sagrada”. Nascido em Anita Garibaldi, ponto de encontro de povoadores paulistas e gaúchos e mais tarde passagem de tropeiros vindos dos vizinhos Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná, Dirceu Antônio se mudou para Lages com 21 anos. Criado em uma família pobre e com muitos filhos, cedo foi alertado pelo pai:

“Rapaz, quem ficar na agricultura vai ter muita dificuldade na vida”.

Não ficou. Mudou-se para Lages, onde formou família e por 16 anos foi empregado em uma selaria. Até apostar na vida de autônomo.

– O pobre tem grande dificuldade para abrir um negócio. Primeiro, tem que ser uma coisa que entenda. Depois, que não comprometa a vida da família – argumenta.

FLORIANÓPOLIS, SC ,BRASIL 26/06/2018. Banco da Família, uma instituição que tem um programa de ajuda financeira para pessoa de baixa renda. Na foto Pelego - Dirceu Antônio Pinto de Lima

Dirceu Antônio Pinto de Lima, 56 anos, empresário. Foto: Felipe Carneiro / Diário Catarinense

No início dos trabalhos, teve que recorrer ao microcrédito. Inicialmente, usou o dinheiro na construção de um galpão e na compra de equipamentos. Depois, para adquirir o produto in natura que compra em um curtume.Encostado em uma pilha de pelegos, o artesão recorda o quanto precisou se superar, mas hoje se orgulha do que faz.

– Para dizer a verdade, gente simples tem até vergonha de entrar num banco.

Foi no período de embaraço que percebeu uma coisa: bancos comerciais não têm agências nas periferias.

Dirceu Antônio encarou a timidez. A questão era achar algo que o ajudasse, atendesse
as reais necessidades. Mas não virasse um problema maior.

– Eu não queria dar calote, mas também não podia ser explorado.

Certo dia, pensava como fazer para investir no comércio quando foi informado sobre o Banco da Mulher (atualmente extinto no país). Foi conhecer, tornou-se cliente e mantém o crédito em dia. Se necessário, recorre. Mas sempre lembrando o que dizem as agentes de crédito: é preciso planejar para não dar o passo maior do que a perna.

As máquinas – uma para limpar a lã, e outra para a lavação, com capacidade para 100 pelegos por hora – foram feitas pelo próprio artesão. Dirceu Antônio trabalha sozinho e tem uma produção considerada grande, de 300 a 350 peças por mês. Unidades ou lotes são comercializados com selarias de Lages e pecuárias de fora, como do Paraná e São Paulo, que compram o produto na porta de casa.

Quando começou a lidar com pelegos, lembra que o couro de ovelha ou de carneiro
com lã era usado quase que unicamente nos arreios do cavalo, para tornar mais macio
o assento do cavaleiro. Hoje, o produto ganhou espaço e faz parte de diferentes estilos
de decoração.

– Tem até colorido, né?

De uma forma ou de outra, diz Dirceu Antônio, sempre com o mesmo objetivo:

– Ir amaciando a vida das pessoas.

Na manhã do último dia 19, uma terça-feira, Valéria Cristina Osório Galon, 43 anos, recebeu uma visita. Eram 10h quando abriu a porta com cheiro de madeira nova para Karina Matos Freitas. O encontro com a agente de crédito tinha como motivo saber se o dinheiro do empréstimo feito ano passado está sendo aplicado conforme o previsto. A moradia com quarto, banheiro e cozinha fica nos fundos do terreno da ex-sogra (o marido de Valéria faleceu) e a construção está quase pronta.

Aliviada por ter deixado o aluguel, a repositora em uma loja de R$ 1,99 está animada. A obra conseguiu sair do alicerce por causa de um empréstimo de R$ 4 mil, o qual já teve 12 parcelas quitadas em dia e um saldo devedor de R$ 2,6 mil. Nada que assuste, pois foi feito dentro de um planejamento que não a sobrecarregue.

Antes era difícil. Para Valéria, o dinheiro gasto a cada mês era como se jogado pela janela.

– Quem paga sabe: o aluguel consome a gente.

FLORIANÓPOLIS, SC ,BRASIL 26/06/2018. Banco da Família, uma instituição que tem um programa de ajuda financeira para pessoa de baixa renda. Na foto Valeria Cristina Galon

Valéria Cristina Osório Galon, 43 anos. Foto: Felipe Carneiro / Diário Catarinense

Além do desafogo financeiro, já que chegou a comprometer 50% do salário, ela conta que agora sonha em decorar cada cantinho da casa.

– Quando é da gente, até escolher uma torneira para o banheiro nos deixa feliz.

A agente de crédito Karina se disse satisfeita com o que viu. Valéria comprou tijolos, porta e janelas de madeira, piso e forro. Mais uns meses e será feito o acabamento final:

– Meu sonho é que 2019 nos encontrem (tem quatro cachorrinhos e um papagaio) com tudo no lugar e as paredes pintadas.

Valéria vem de uma família pobre. Fez o ensino fundamental e trabalhou como manicure, pois precisava ajudar os pais. Nos anos de casada também morou de aluguel. Além do esforço para manter o pagamento em dia, vivia preocupada com a possibilidade do imóvel ser pedido. Quando lhe é perguntado o que significa ter uma casa, responde:

– Casa é o chão de cada pessoa. É saber que a gente tem um lugar para voltar, um espaço que é da gente. Para Karina, que há 16 anos escuta histórias assim, oportunidades ajudam a fortalecer as pessoas:

– As mudanças na qualidade de vida aumentam a autoestima e elas se percebem capazes de cumprir com os compromissos.

Ao mesmo tempo, diz, ao entrar em contato com a realidade das famílias, ainda que na condição de funcionária, também se sente bem:

– A gente funciona como uma ponte entre o sonho e a chance de virar realidade.

Hoje pode parecer engraçado e até provocar riso ao lembrar certas cenas. Mas não foi fácil criar os filhos tendo um banheiro que era de madeira e ficava fora da casa. Situação que piorava no frio do inverno. É o que diz a costureira Neuza Terezinha do Amaral Pereira, que mora com o marido João Augusto Varela Pereira, no bairro São Sebastião, em Lages.

– Passamos muito trabalho. Eu aquecia água no fogão e usava uma bacia para dar banho nas crianças. Como eles eram pequenos, conseguiam se ensaboar bem, mas para adulto como a gente, era muito ruim – conta Neuza.

O tanque ficava no lado de fora e lavar roupas no frio exigia disposição.

– Agora, não. Temos um banheiro descente, chuveiro e a água sai quentinha. Uso a máquina de lavar e conseguimos fazer uma peça de material, que é a minha lavanderia, e fico mais abrigada – explica Neuza.

FLORIANÓPOLIS, SC ,BRASIL 26/06/2018. Banco da Família, uma instituição que tem um programa de ajuda financeira para pessoa de baixa renda. Na foto Fogão a lenha: João Augusto Varela Pereira e Neuza Terezinha do Amaral

Neuza Terezinha do Amaral Pereira e o marido, João Augusto Varela Pereira. Foto: Felipe Carneiro / Diário Catarinense

Para chegar a essas melhorias, Neuza e João tiveram que recorrer ao microcrédito. A concessão de um valor relativamente pequeno, mas que pode ser renovado à medida dos pagamentos.

– Conseguimos fazer benfeitorias na casa, que era muito velha. A gente caminhava e a cozinha chacoalhava. Agora tem piso e a cobertura foi arrumada, pois chovia dentro – conta João. O casal tem grande preocupação em manter os empréstimos em dia:

– A gente se empenha para não atrasar. Sabemos que assim como nós, outras pessoas precisam ser ajudadas – diz João.

Honrar o compromisso é quase lei. Mesmo quando ocorre algo inesperado. João e Neuza servem de exemplo para explicar a baixa inadimplência, que no caso do Banco da Família gira em torno de 4%. Somada ao olho no olho entre o agente de crédito e clientes, a conduta pessoal faz com que aos clientes priorizem as parcelas, mesmo diante de situações inesperadas.

– Quem não vai aceitar uma oração para receber a proteção de Deus? – pergunta João, para explicar que a boa-fé fez com que uma falsa benzedeira aplicasse-lhes um golpe.
Gente simples e sem malícia, João e Neuza perceberam a trapaça tarde demais: a farsante que eles deixaram entrar na casa de madeira aquecida pelo fogão de lenha já tinha sumido num carro que a esperava na esquina.

Não é fácil ser enganado, diz seu João. Ainda mais quando tudo é conseguido com sacrifício, completa Neuza. Para eles, houve uma espécie de hipnose onde a falsária os confundiu com ladainha e imposição das mãos. Não apenas neles, mas das coisas também. Inclusive, sobre o cartão do banco, que também foi levado.

Ainda que meio paralisados pela ação rápida da mulher, João e Neuza não se omitiram: enquanto seu João foi registrar Boletim de Ocorrência, Neuza telefonou para as rádios da cidade sobre a falsa benzedeira.

– A gente quis alertar o povo. Vá que a vigarista andasse por aí agindo de ma-fé com outras pessoas?

Um pedaço de cobertor. Foi com uma tira da coberta que Maria dos Prazeres Rodrigues Bortolozzo, 52 anos, fez o primeiro par de chinelos da vida. Quase 18 anos depois, calcula que possa empilhar uns 70 mil pares. Maria, que foi babá com 12 anos, teve carteira assinada aos 14 e encarou mais oito anos como fiscal de caixa em supermercado, sempre valorizou o emprego. Mas sempre imaginando que um dia estaria à frente do próprio negócio.

No começo, pensou em fazer pantufas. Mas percebeu que o mercado estava cheio delas. De todos os tipos, com cores e preços variados. Apostou em chinelos. Com um argumento que usa como propaganda:

– Todo lageano precisa de um calçado quentinho para se aquecer no frio do inverno.
A escolha deu certo. A linha de produção vai do número 20 ao 46 e custa R$ 25 o par. Maria tem ponto de vendas, como na tradicional Festa do Pinhão, e já foi procurada por uma grande loja de departamento interessada em revender o produto.

No início, lembra, as dificuldades não se resumiam aos dois filhos pequenos e a ausência do marido, que já trabalhava com caminhão de frete.

FLORIANÓPOLIS, SC ,BRASIL 26/06/2018. Banco da Família, uma instituição que tem um programa de ajuda financeira para pessoa de baixa renda. Na foto Maria dos Prazeres

Maria dos Prazeres Rodrigues Bortolozzo, 52 anos. Foto: Felipe Carneiro / Diário Catarinense

O dilema era a falta de dinheiro. Precisava de um empréstimo para conseguir matéria-prima. Afinal, já tinha comprado uma máquina de costura de segunda mão e uma amiga se dispôs a ajudá-la com os moldes. Foi quando uma conhecida falou sobre o Banco da Família. Era 2003. Desde então, já se vão 26 empréstimos.

– O que mais gostei foi da simplicidade. Enquanto o banco comercial te assusta com toda aquela burocracia e papelada para assinar, nesse caso a gente entende o valor a pegar, o número de vezes o e sabe direitinho quando será cobrado – diz.

Maria dos Prazeres aprendeu a dar o passo certo. Começou vendendo chinelos em lojas de R$ 1,99 e no calçadão de Lages. Foram 16 anos em uma banquinha. Atualmente aluga um espaço numa galeria do centro da cidade. A loja permite também vender roupas. Para ela, a iniciativa do banco fortalece a economia local por estimular a inclusão social de pessoas que, por falta de apoio, deixariam de empreender. Além do risco de estarem entre os 13,7 milhões de desempregados do país.

– Não importa o tamanho do negócio. Mas com ajuda, a gente prova que é capaz.

Foto:
Por: Diário Catarinense  https://bit.ly/2MHW0Rs

Práticas de saneamento básico e o cenário brasileiro

Mais de 35 milhões de brasileiros não possuem abastecimento de água tratada. Mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto, 56% dos esgotos no país não são tratados. Estes dados divulgados pelo Instituto Trata Brasil apresentam um quadro alarmante em nosso país ainda que o saneamento básico seja um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.

Assoreamento e lixo
Lixo e assoreamento são as principais causas de poluição dos cursos hídricos no país./ Imagem: Wikimedia.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), são necessários 110 litros/dia de água para atender as necessidades básicas de uma pessoa. No Brasil, o consumo médio de uma pessoa por dia é de 154 litros. Ou seja, além de utilizarmos mais do que o necessário não tratamos toda esta água. Tudo isso levanta algumas perguntas: “O que estamos fazendo para mudar esses números? Como transformar esse cenário em uma situação sustentável?”.

Em 2017, a Tigre – empresa catarinense líder na fabricação de tubos e conexões e um dos maiores provedores de soluções para o setor da construção civil no Brasil – entrou para o mercado de tratamento de água e efluentes desenvolvendo projetos customizados e modulares. Além de tornar o negócio do cliente mais sustentável do ponto de vista da possibilidade de reaproveitar a água, a solução também tem por objetivo reduzir o custo de operação. Entenda melhor no vídeo a seguir.

No site da empresa você encontra um simulador para o reuso da água onde é possível identificar o percentual de economia mensal quando aplicação dada solução.

Em sintonia com o objetivo da oferta desses novos produtos, a Tigre firmou parceria com a Water.orgorganização internacional que atua no combate à crise global da água, e o Banco da Família para a construção de banheiros em comunidade carente de Lages (Santa Catarina). A intenção é unir forças para ampliar o acesso à água potável e ser um catalisador em prol do saneamento básico.

Uma iniciativa bacana desenvolvida no intuito de educar as pessoas a respeito do saneamento básico foi o lançamento do game “Trata City”. Nele o jogador percorre um cenário virtual de uma comunidade e deve executar ações que conscientizem as pessoas para o problema, fazer mutirões, construir locais que melhoram a qualidade de vida, consertar os encanamentos e vazamentos, além de recolher o lixo para melhorar a vida das pessoas. A cada medida positiva feita, o jogador ganha pontos nas barras de água, esgoto e lixo, o que consequentemente melhoram as barras da saúde e da qualidade de vida.

Game
Imagem: Google Play

O game é resultado de uma parceria entre o Instituto Trata Brasil e alunos do curso de Design de Games da Universidade Anhembi Morumbi. O aplicativo foi lançado gratuitamente este mês para Android através do Google Play.

Em seu site o Trata Brasil disponibiliza ainda cartilhas de ação global a respeito do saneamento básico, cartilha da Turma da Mônica sobre o uso racional da água e saneamento básico, rankings, estudos, cases de sucesso e as principais estatísticas. Além disso, produziu em parceria com a Sabesp um documentário que aborda a importância da água e do esgotamento sanitário em comunidades vulneráveis que passaram a receber esses serviços. Intitulado “A luta pelo básico – saneamento salvando vidas”, o vídeo mostra relato de moradores e líderes comunitários falando da qualidade de vida antes e depois dos serviços.

Você também conhece boas práticas de saneamento? Então compartilhe com a gente!

Fonte: http://autossustentavel.com/2018/07/praticas-de-saneamento-basico-brasileiro.html

Por: Nathália Abreu