Após queda no primeiro ano da pandemia, microcrédito apresenta recuperação em 2021 e deve crescer 20% em 2022

O reaquecimento da economia brasileira após a retração sofrida durante a pandemia impactou positivamente o mercado de microcrédito. De acordo com dados do IBGE, o PIB, que encolheu 3,9% em 2020, cresceu 4,6% em 2021. A expansão do microcrédito foi ainda maior, de 24% segundo levantamento da Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (ABCRED), entidade que reúne 33 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) que atuam no setor e projeta crescimento de 20% em 2022.

Em 2021, as associadas liberaram R$ 858,4 milhões. O valor havia sido de R$ 691,4 milhões em 2020 e de R$ 768,9 milhões no ano anterior. “O setor de microcrédito amadureceu diante do cenário de dificuldades e superou a crise com crescimento”, diz Pedro Ananias, consultor técnico da ABCRED, que também detectou crescimento de 13% no número de clientes ativos. A quantidade total de operações realizadas, porém, ainda é inferior ao patamar visto antes da pandemia. Em 2021 foram 164 mil operações de crédito e, em 2019, pouco mais de 188 mil. A ABCRED, porém, estima um crescimento de 20% nos valores liberados em 2022.

Eleito em 2021 como o terceiro melhor do mundo no ramo das microfinanças, o catarinense Banco da Família apresenta números que comprovam a tendência. Nos dois primeiros anos da pandemia, a instituição que atua nos três estados do Sul do Brasil, cresceu 26,16%, concedendo R$ 224,2 milhões em crédito em 47.937 operações, impactando 191.748 pessoas. Com sede em Lages, o Banco da Família projeta para 2022 um crescimento de 25%.

De acordo com Isabel Baggio, presidente do Banco da Família, uma das estratégias empregadas para se fortalecer entre 2020 e 2021 foi a realização e o fortalecimento de parcerias com associações comerciais de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Com isso, a instituição ampliou sua presença no Sul e o atendimento à demanda por crédito para micros e pequenos empreendedores. “Nossa preocupação maior era não deixar quem mais precisava de ajuda durante a pandemia. Agora que a situação geral aparenta estar sob controle, a retomada da economia está ocorrendo e a busca por crédito continua em alta. Por isso, temos certeza que há muito a ser feito ainda”, comentou.