Basta olhar ao redor para perceber que há no mercado de trabalho desigualdades gritantes entre homens e mulheres, o que pode incluir diferentes salários para cargos os mesmos cargos, obstáculos extras para o crescimento profissional e maior dificuldade para obtenção de financiamentos ou investimentos. Há, por outro lado, quem busque mudar esse quadro. Implementada ao longo de mais de duas décadas, a experiência do Banco da Família vai ser apresentada e reconhecida em um evento global promovido pela European Microfinance Plataform, entidade europeia que atua em projetos de incentivo à inclusão financeira para países em desenvolvimento.
Responsável pela apresentação, a presidente do Banco da Família, Isabel Baggio, reuniu diversos números que mostram, na prática, o reflexo da decisão estratégica de apostar nas mulheres. Hoje a instituição, que atua em 220 municípios dos três estados do Sul do País e já liberou mais de R$ 1,2 bilhão em 400 mil operações de crédito, tem mulheres ocupando 71% dos postos de liderança. Elas ocupam metade dos postos de gerência e 90% dos cargos de supervisão de agências.
Esse quadro foi construído ao longo de mais de duas décadas, desde a fundação do Banco da Família, em Lages, em 1998. “Creio que inspirar outras mulheres é um dos maiores benefícios que colhemos ao enfrentar preconceitos da época e não nos acomodarmos ou nos intimidarmos diante de adversidades”, diz Isabel Baggio. “Mas o maior legado de todos é a oportunidade de levar acesso ao crédito às nossas clientes. São milhares de mulheres que puderam iniciar seu próprio negócio, pagar o estudo dos seus filhos, investir na saúde da família, realizar o sonho da casa própria, conquistar sua independência financeira entre tantos outros sonhos”.
Atualmente a instituição tem pouco mais de 26,7 mil clientes ativos – destes, cerca de 55% são mulheres. Também há predominância feminina entre os participantes do programa Produtores da Serra, iniciativa da Instituição que apoia o trabalho em pequenas propriedades rurais através de consultorias e abertura de canais para e comercialização de itens da agricultura familiar, que assim podem ser vendidos com maior valor agregado. Dos 19 participantes, que já comercializaram mais de 62 mil produtos, dez são mulheres.
A experiência do Banco da Família será apresentada na quinta-feira, dia 17, em painel transmitido via internet. Além de Isabel, quem também vai contar sua história de sucesso no debate Diversidade de Gênero e Liderança na Inclusão Financeira é a diretora executiva do Kenya Women Microfinance Bank (KWFT), Mwangi Githaiga. Criado em 1981 para prestar serviços financeiros para famílias de baixa renda do Quênia, o KWFT tem foco nas mulheres e tornou-se uma das Instituições de Microfinanças de maior sucesso no país, além de ser a 1ª Instituição de Microfinanças na África a assinar a Iniciativa dos Princípios de Empoderamento das Mulheres.
O seminário internacional é organizado pela e-MFP, entidade que reúne mais de 130 consultores, investidores, agências multilaterais e multinacionais, ONGs e pesquisadores de todo o mundo e busca promover o acesso global para serviços financeiros com preços acessíveis, qualidade, sustentabilidade e serviços financeiros inclusivos para desbancarizados.