O Banco da Família, maior instituição de microcrédito da Região Sul, com sede em Lages e atuação em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, acaba de atingir R$ 1 bilhão em empréstimos concedidos em 20 anos de atuação. Essa modalidade de crédito oferecido por organizações sociais de interesse público (Oscips) como o Banco da Família e outras 13 em Santa Catarina tem sido a mais acessível para pequenos negócios na pandemia. Foi uma atuação natural para o segmento que nas últimas duas décadas emprestou mais de R$ 4 bilhões no Estado.
O Banco do Empreendedor, com sede em Florianópolis, registrou crescimento de 30% no total de recursos emprestados no primeiro trimestre deste ano frente ao mesmo período do ano passado. Essa expansão é semelhante a registrada pelo Banco da Família em 2020, quando o total de contratos somou R$ 106,5 milhões, 28% mais do que no ano anterior.
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Segundo a fundadora e presidente o Banco da Família, Isabel Baggio, a instituição realizou em duas décadas quase 400 mil operações de crédito. Atualmente, está presente em 164 municípios e os recursos que liberou até agora beneficiaram mais de 1,3 milhão de pessoas.
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– Por meio desses recursos conseguimos impactar muita gente. Inúmeros empreendedores puderam impulsionar seus negócios de micro ou pequeno porte e gerar empregos e renda para famílias que enfrentam dificuldades – afirma Isabel Baggio.
O início de atividades, em Lages, foi com microcrédito voltado para investimentos de pequenos negócios formais e informais. Agora mais consolidado, o banco oferece linhas de crédito também para capital de giro, saneamento básico, reforma e construção de residências populares.
Conforme Isabel Baggio, o impacto da pandemia, que forçou as pessoas a ficarem mais tempo em casa, foi um dos motivos do crescimento do volume de recursos emprestados. As pessoas estão investindo em banheiro, ampliação da casa ou até na aquisição de imóvel novo. Como é uma ONG que não visa lucro, o banco investe todo o lucro na própria instituição e amplia atividades. Segundo ela, um dos planos é destinar mais recursos para melhorar as condições sanitárias das famílias, linha que já emprestou R$ 22 milhões.
Dinheiro na pandemia
Como o acesso a empréstimos no setor público continuou difícil na pandemia apesar das linhas especiais lançadas, o microcrédito tem sido a alternativa para a maioria dos empresários do segmento de micro e pequenas empresas, microempreendedores individuais (MEIs) e também empreendedores informais. A conclusão é de Luiz Carlos Floriani, presidente do Banco do Empreendedor, Oscip com sede em Florianópolis e atuação em Santa Catarina.
Um destaque é a prefeitura de Florianópolis que foi a primeira do Brasil a oferecer um programa de juro zero para pequenas empresas e, também, pioneira na oferta de microcrédito com maior prazo de carência para empresas com dificuldades na pandemia. Por isso, na Capital, um empresário pode tomar recursos com juro zero do programa da prefeitura e também do governo do Estado.
Os recursos são procurados também por empresas não afetadas pela pandemia, observa Floriani. A maioria busca para capital de giro ou investimento em tecnologias digitais para tornar os negócios mais competitivos. Para capital de giro o prazo médio é 12 meses e o valor das operações vai de R$ 200 a R$ 30 mil. Segundo ele, apesar da taxa mensal de 2,95% parecer cara, não é muito diferente do custo do setor financeiro tradicional.