Microcrédito para melhorar a qualidade de vida das comunidades carentes!

Uma parceria entre o Banco da Família, uma instituição de microfinanças certificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que atua para promover o crescimento e a melhora na qualidade de vida de famílias empreendedoras e da comunidade em seu entorno, por meio do fornecimento de microcrédito, e a organização norte-americana sem fins lucrativos Water.org, fundada pelo ator Matt Damon e o engenheiro Gary White, vai possibilitar a milhares de famílias que residem em áreas carentes o acesso à água tratada e a instalações sanitárias completas.

Para tanto, o Banco da Família disponibilizará R$ 24,5 milhões em crédito e a Water.org aportará US$ 330 mil. A meta é atender 8.500 famílias em quatro anos, beneficiando diretamente  cerca de 33.600 pessoas. Isabel Baggio, presidente do Banco da Família, comenta que “a falta de saneamento básico é um problema mundial e o objetivo, com essa parceria, é minimizar a situação em nossa área de abrangência, lembrando que o Banco da Família é pioneiro no Brasil na liberação de microcrédito nesse e outros segmentos”. A população a ser atendida com esse projeto é uma das menos favorecidas economicamente. “Podemos citar como exemplo os catadores de lixo reciclado. O Banco da Família reconhece essa atividade, mesmo não havendo comprovação de renda”, diz Geórgia Schmidt, diretora administrativa do Banco da Família.

Pesquisa para conhecer a realidade

Uma pesquisa para nortear a execução do projeto foi aplicada para conhecer as reais necessidades da população mais pobre e, a partir dos dados, o Banco da Família pôde adequar os valores de crédito que concederá, o formato, as taxas e os prazos de pagamento. O empréstimo pode ser adquirido uma primeira vez no valor entre R$ 500,00 e R$ 7 mil, e numa segunda vez, até R$ 10 mil. O investimento médio para construir um banheiro, nas regiões pesquisadas,  é de cerca de R$ 3 mil. Para o tratamento de esgoto residencial, o investimento para aquisição de uma fossa séptica, para até 4 pessoas, fica em torno de R$ 800,00 – ou a aquisição de um biodigestor para até 6 pessoas, R$ 1.400,00.  

Um total de 70 municípios que encontram-se na área de atuação do Banco da Família já estão sendo beneficiados pelo projeto no ano de 2018.

Agentes de Crédito preparados para identificar as necessidades

Os agentes de crédito atuam na linha de frente, na oferta do microcrédito do Banco da Família. Eles são responsáveis por visitar as famílias, conversar e identificar a carência das instalações de saneamento e água. Para habilitar estes profissionais, o Banco da Família contratou o Instituto Trata Brasil que desenvolve projetos em comunidades vulneráveis em todo o país, onde a falta de água e o contato diário com os esgotos a céu aberto fazem parte da realidade das famílias.

A equipe de agentes de crédito recebeu capacitação para identificar a real necessidade da família visitada, além de técnicas de abordagem e sensibilização. “A pessoa viveu tantos anos com o esgoto aberto, passando do lado da sua porta e acaba pensando que isso é normal. O papel do agente de crédito é sensibilizar esta família, propor soluções, apoiar e conscientizar estas pessoas de que não é normal que os filhos tenham diarreia três ou quatro vezes por mês. É importante mostrar que este é um problema que impacta no desenvolvimento físico e mental das crianças, afeta a família e toda a comunidade”; afirma Geórgia Schmidt.

No Brasil, a situação do saneamento é preocupante e pouco discutida: muitas moradias têm fossa negra, aberta diretamente na terra, com ou sem revestimento, contaminando o solo, além de nascentes, poços, córregos ou rios próximos. O correto é construir fossa séptica, de cimento ou alvenaria, com tanque que faz o tratamento primário de esgoto em locais que não haja acesso à rede coletora. Quando não há nenhum tipo de fossa os dejetos são lançados a céu aberto, causando doenças. Pesquisas mostram que famílias que contam com serviços básicos de saneamento têm mais saúde e, consequentemente, qualidade de vida. Quando o esgoto não tem destinação correta os riscos se multiplicam. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabilizou 407 mil pessoas internadas por diarreia e doenças ocasionadas por falta de saneamento básico em 2013. Destas, 53% eram crianças de 0 a 5 anos. Infecções gastrointestinais, de pele e olho, leptospirose, verminose, dengue e hepatite englobam a lista do grupo de risco.