Isabel Baggio comentou principais erros e acertos de empreendedores que desejam expandir negócios por meio do microcrédito
A presidente do Banco da Família e da Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (Abcred), Isabel Baggio, compartilhou dicas sobre como utilizar o microcrédito de forma responsável para impulsionar pequenos negócios em uma live promovida pelo Sebrae Nacional. Durante a transmissão, Baggio explicou como os empreendedores podem fazer uso dessa ferramenta financeira de maneira eficaz. “O endividamento responsável pode ser uma alavanca para os negócios, mas é preciso fazer uma análise criteriosa das finanças e estabelecer um plano de pagamento que não comprometa o caixa”, diz Isabel.
De acordo com a presidente do Banco da Família, muitos empreendedores iniciantes acabam se endividando excessivamente e comprometendo a saúde financeira de seus negócios. Para evitar esse cenário, ela recomenda que os empresários planejem com cuidado o uso do microcrédito, avaliando a real necessidade de investimento e a capacidade de pagamento. “É preciso saber se a renda familiar comporta essa nova dívida, que vai ter um pagamento negociado de acordo com as condições de cada um. Por isso, a educação financeira é algo fundamental para o uso microcrédito”, afirma.
A orientação especializada na hora de solicitar um empréstimo pode fazer a diferença nesses casos. Existem muitas opções de crédito disponíveis no mercado, mas é fundamental que o empreendedor faça uma pesquisa detalhada antes de fechar negócio. Dikson Vargas, sócio de uma loja de roupas, conta que as orientações dos agentes de crédito do Banco da Família foram fundamentais para a sustentabilidade do negócio.”Eles me auxiliaram a fazer as contas, levando em consideração informações como o financiamento do carro, gastos com cartão de crédito e até mesmo com alimentação”, explica. Ele e seus familiares se planejaram durante todo o ano de 2019 para abrir a loja que começou dentro de casa e atualmente funciona em uma sala comercial. Dikson e os sócios recorreram ao microcrédito do Banco da família em momentos importantes para a loja e assegura que o crédito foi responsável pela expansão do negócio.
A separação das finanças pessoais e empresariais é um ponto crítico para muitos empreendedores. Em alguns casos, a renda da família e do negócio são quase inseparáveis, porque os próprios familiares trabalham no negócio de modo informal. Mas com o avançar do tempo é importante que o empresário formalize a empresa e tenha uma conta bancária separada para as transações comerciais do negócio. Além disso, é importante manter um controle financeiro, com registro de todas as entradas e saídas de dinheiro e acompanhando de perto o fluxo de caixa. Isso possibilita uma visão clara da saúde financeira do negócio e facilita a tomada de decisões.
Dikson conta que teve dificuldade com a separação dos caixas no início, pois via a empresa crescendo e sabia que aquela receita não era de uso pessoal. “Muitas vezes eu faço que para garantir a saúde do negócio é preciso que o dono seja pobre e a empresa rica. Até que as coisas comecem a engrenar”, afirma o empreendedor.
A precificação do produto ou serviço também costuma ser um ponto de dúvida de quem está começando um negócio. Por isso, Isabel explica que é necessário considerar todos os custos envolvidos na produção ou oferta do produto/serviço, como matéria-prima, mão de obra e despesas com transporte e armazenamento. Além disso, é importante analisar a concorrência e entender o valor de mercado, para definir preços que permitam uma margem de lucro adequada. É comum que empreendedores iniciantes cometam o erro de precificar seus produtos ou serviços abaixo do valor de mercado, o que pode comprometer a sustentabilidade financeira do negócio a longo prazo. “As pessoas precisam fazer as contas para entender quanto custa o pão que ela vende, por exemplo, e ver se vale a pena”, defende Isabel.
A pesquisa de mercado muitas vezes passa batida para os donos de pequenos negócios. Mas mesmo para aqueles que têm seu limite de atendimento dentro de uma cidade ou até mesmo de um bairro precisam entender as demandas dos clientes. Assim, o empreendedor pode adaptar seu negócio para atender a essas necessidades e conquistar mais espaço. Além disso, a pesquisa de mercado permite identificar oportunidades de crescimento, como o lançamento de novos produtos ou serviços ou a expansão para novos mercados.