Pandemia reduz renda de 70% dos negócios informais, apura o Banco da Família

A crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus impactou de forma profunda os negócios informais, segundo pesquisa do Banco da Família (BF), a maior instituição de microfinanças da Região Sul. Pesquisa feita junto a 220 clientes do BF em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná apurou que 70,5% dos negócios informais tiveram dificuldades para manter as contas em dia e 64,8% não receberam qualquer ajuda do governo. Essas famílias não conseguiram acesso nem ao auxílio emergencial que teriam direito por terem apenas negócio informal.

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Dos que precisaram de crédito, quase 80% recorreram ao Banco da Família. A queda de renda levou 20% a mudar o perfil do negócio, a incluir atividades que não desenvolviam antes da crise. Dos entrevistados, 12% perderam a principal fonte de renda. Entre os entrevistados, 67,8% revelaram que tiveram perdas elevadas de renda.

A pesquisa junto aos clientes ajudou o Banco da Família, a definir como atuaria para atender o seu público, explicou a fundadora e presidente da instituição, empresária Isabel Baggio. Segundo ela, o momento mais difícil foi abril, quando o novo coronavírus trouxe muita incerteza e retração nas operações. O caminho foi ficar ao lado dos clientes e fazer adaptações, com destaque para a oferta de renegociação de débitos.

O Banco da Família, que nasceu voltado ao microcrédito produtivo inspirado no modelo de Mohamed Yunus, de Bangladesh, atua há mais de 21 anos. Se caracteriza pelo trabalho do agente de crédito, que vai porta a porta assessorar nos projetos de investimentos e auxiliar em decisões para outras obras importantes a famílias que não têm acesso a bancos formais. Além de financiar negócios, o banco passou a oferecer crédito para reformas habitacionais e até para a compra da casa própria. Conta com 20 mil clientes ativos em 128 municípios e já emprestou R$ 886 milhões em 318 mil operações de crédito.

Conforme Isabel Baggio, com a chegada da pandemia, quando a instituição percebeu que haveria atraso no pagamento de prestações, se antecipou, criou um comitê de crise para melhorar as condições de pagamento. Passados mais de três meses do início do problema, agora foi transformado em comitê da retomada.

Por NSC Total

Apoio a quem enfrenta a pobreza

De cada quatro brasileiros, um é pobre, de acordo com dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgada em novembro de 2019 pelo IBGE. Isso equivale a 52,5 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 420 per capita por mês (R$ 14 por dia), critério usado pelo Banco Mundial. Sabemos que a falta de acesso a renda é um fator importante para essa avaliação.

Mas, se, além disso, perguntássemos diretamente para as pessoas o que as leva a essa condição? Certamente poderiam ser apontadas situações inimagináveis a um cidadão de classe média ou alta, como a falta de um banheiro ligado à rede de esgoto, falta de alimento para o sustento da família ou ter frequentado instituição de ensino por menos de cinco anos em toda a vida. Em outra situação, uma mulher com menos de 30 anos, por exemplo, pode apontar que não possui carteira de identidade, cuida sozinha de três ou quatro filhos e, ainda, é a única responsável pelo sustento da família, mesmo sem ter trabalho formal. Questões como essas, também determinam se uma pessoa é pobre.

Sem esquecer da importância das políticas públicas para que isso se torne possível, o que o indivíduo pode fazer para empreender a favor do seu próprio desenvolvimento e da sua comunidade? Nesse contexto, nasce o projeto Despertar – O Seu Futuro é Agora, do Banco da Família. Em parceria com a Fundación Paraguaya, irá aplicar a metodologia Semáforo para a Eliminação da Pobreza em toda a sua área de cobertura, para garantir às famílias o protagonismo no esforço de melhoria da sua qualidade de vida.

Essa metodologia é inédita no Brasil, mas foi validada em mais de 20 países e leva em conta 50 indicadores diferentes, a serem apontados pelos participantes para determinarem o seu diagnóstico. Tudo com o auxílio de aplicativo de celular ou pelo computador, que fornece um mapa visual que destaca nas cores vermelho ou amarelo os pontos que merecem atenção. A partir daí, é montado plano de ação para o combate aos problemas considerados mais graves.

Isabel Baggio, durante a apresentação do programa no bairro Guarujá. “O grande diferencial do Semáforo é garantir às famílias o protagonismo no esforço de melhoria da sua qualidade de vida”.

Por ASEMANA